FONTE:
http://oglobo.globo.com/mundo/novo-escandalo-de-corrupcao-abala-vaticano-3770624
Um
escândalo de corrupção explodiu no coração da Igreja Católica depois
que uma TV italiana revelou, na noite de quarta-feira, cartas em que o
ex-secretário-geral do Vaticano Carlo Maria Vigano denuncia
superfaturamento e outras irregularidades na Santa Sé. No ano passado,
Vigano acabou transferido para Washington, onde atua como núncio
apostólico, apesar de pedir para permanecer no cargo no Vaticano, no
qual sua permanência estava prevista até 2014.
Nas cartas enviadas
em 2011 a superiores — incluindo o próprio Papa Bento XVI — Vigano diz
ter encontrado "uma rede de corrupção, nepotismo e favorecimento" nos
contratos para a conservação da Cidade do Vaticano. O
ex-secretário-geral diz que os funcionários da equipe do Vaticano eram
desmoralizados pelo fato de "os serviços serem sempre entregues às
mesmas companhias a pelo menos o dobro do preço cobrado fora do
Vaticano. O superfaturamento teria atingido até o presépio natalino da
Praça de São Pedro. Vigano reduziu seu custo de instalação e manutenção
de 550 mil em 2009 para 350 mil em 2010.
O então secretário-geral
também aponta irregularidades na gestão do dinheiro da Igreja. Numa
carta de abril do ano passado, ele diz que a administração de alguns
investimentos do Vaticano foi entregue a fundos "que cuidam mais dos
seus próprios interesses do que dos nossos" e "nos fizeram perder US$
2,5 milhões numa única transação".
As cartas foram escritas após
Vigano ter sido informado de sua transferência. Ele se queixa ao Papa e
diz que, mesmo que tecnicamente tenha sido promovido, a mudança "seria
uma derrota difícil de aceitar" e "provocaria muita desorientação e
desencorajaria aqueles que acreditaram que era possível extirpar muitas
das situações de corrupção e abuso de poder que estão enraizadas na
administração de vários departamentos". Ele disse ser vítima de uma
campanha de desprestígio por funcionários descontentes com suas medidas
anticorrupção. Apesar dos apelos, Vigano foi enviado aos EUA.
O
Vaticano reagiu à reportagem da rede de TV La 7 com críticas, embora
tenha admitido a autenticidade das cartas ao expressar "tristeza com a
publicação de documentos reservados". A Santa Sé disse que a TV "trata
assuntos complicados de maneira parcial e banal" e afirma estar pronta a
ir à Justiça "defender a honra de pessoas honestas". Sobre a
transferência, o Vaticano diz que isso é prova "da indubitável
confiança" depositada em Vigano pelo Papa.
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