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domingo, 26 de setembro de 2010

Os segredos da caixa-forte do Vaticano

O que pensava uma mente iluminada como aquela de Einstein sobre a religiao (nota-se entretanto que ele acreditava em Deus; nao aquele Deus que aterroriza com o inferno, mas em um Deus cosmico presente em tudo, conforme seu livro "Come io vedo il mondo")?

"A palavra Deus para mim é nada mais que a expressão e produto da fraqueza humana, a Bíblia é uma coleção de lendas honradas, mas ainda assim primitivas, que são bastante infantis"

"Para mim, a religião judaica, como todas as outras, é a encarnação de algumas das superstições mais infantis. E o povo judeu, ao qual tenho o prazer de pertencer e com cuja mentalidade tenho grande afinidade, não tem qualquer diferença de qualidade para mim em relação aos outros povos."

"Até onde vai minha experiência, eles não são melhores que nenhum outro grupo de humanos, apesar de estarem protegidos dos piores cânceres por falta de poder. Mas além disso, não consigo ver nada de 'escolhido' sobre eles".


ABAIXO UMA FACE ESCURA DO VATICANO


Os segredos da caixa-forte do Vaticano


fonte: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=36611


De Marcinkus à operação transparência, até as acusações de hoje. Uma viagem ao coração das finanças (e dos mistérios) da Instituição financeira do Vaticano. Para Bento XVI, Gotti Tedeschi seria digno de um Nobel.

A análise é do jornalista italiano Alberto Statera, publicada no jornal La Repubblica, 23-09-2010. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Com nove metros de grossura, os muros do Torreão de Nicolau V, erguido em 1453, representaram o poderoso baluarte da cristandade contra os turcos. No terceiro milênio, esse bunker protegido pelos guardas suíços que desponta além da porta vaticana de Sant'Anna, sede do Instituto para as Obras de Religião (IOR), denominado originalmente de "Ad pias causas", é julgado, senão justamente como o paraíso, como o purgatório do offshore [paraíso fiscal], das misteriosas contas cifradas, da lavagem de dinheiro de origem obscura, de operações bancárias que se tornam cinzas, quando não pretas como o inferno. Daquelas que, em suma, cheiram de longe a esterco do diabo.

O paradoxo é que, depois de séculos de diabólicas e impunes relações com o maligno, parece que o divino redde rationem judiciário chega justamente no momento em que uma tentativa cristã de purificação das finanças vaticanas decola. Com o Papa Ratzinger, do qual ele goza da estima, e com os outros plenipotenciários de túnica, parece que o presidente do IOR, Ettore Gotti Tedeschi, o moralizador, estava justamente a ponto de lançar o seu projeto-transparência para restituir o prestígio às instituições pontifícias, sacudidas continuamente pelos escândalos, quando os magistrados de Roma o investigaram com a hipótese de lavagem de dinheiro.

Nada mais de contas correntes anônimas intituladas a beatos e a santos, nada mais de pseudônimos, proteções e triangulações ocultas, como as que, por décadas, viram bilhões e bilhões de capitais, às vezes de ignóbil proveniência, transitar no Torreão.

Essas são as promessas do banqueiro que, há um ano, se encontra no manejo dos segredos mais embaraçosos do Vaticano e não só do último meio século. Tudo isso precedido por uma investigação interna, secretíssima, que deve ter enfrentado momentos dramáticos. Quando, por exemplo, procurou esclarecer os movimentos de dinheiro na conta de um cardeal bem conhecido, que estourou de raiva.

Ou quando viu as contas de Giulio Andreotti e do gentil-homem de Sua Santidade Angelo Balducci, protagonista do escândalo G8 e referência do lobby da Proteção Civil, que reside no Palácio Chigi, nos escritórios de Gianni Letta e do seu factotum Luigi Bisignani, que foi também do chefe da Loja P2 de Licio Gelli. O mesmo Bisignani que, ainda jovenzinho, quase imberbe, levava dezenas de bilhões da mãe de todos os subornos (de então) típicos da Enimont para o outro lado da porta de Sant'Anna. Bem diferente do bilhão e meio de liras obtido pelo próprio Letta, anos antes, dos fundos negros do IRI [Instituto para a Reconstrução Industrial italiano].

Bisignani tinha um passe especial. E, provavelmente, ainda o guarda, porque quem acessa o IOR, muitas vezes com pesadas sacolas forradas de notas de dinheiro, deve ser conhecido para passar pela revista da Guarda Suíça.

Ultrapassada uma barreira de vidro de comando eletrônico – como contou Giancarlo Galli em um livro seu, tendo sido conduzido a uma visita ao Torreão blindado pelo presidente anterior do IOR, Angelo Caloia –, depara-se com um salão moderno, um octágono com paredes altíssimas, que quase parecem o paraíso. O paraíso dos "paraísos fiscais".

Nesse banco, não existem cheques com a estampa do IOR, só dinheiro vivo, lingotes de ouro e transações externas via transferências, com um clique eletrônico. Nada de recibos, nada de papéis inúteis. Quem é adequadamente apresentado pode entrar portando uma maleta cheia de dólares de qualquer proveniência e sair sem recibo, mas com a certeza de que o seu dinheiro irá para onde deve ir sem deixar rastros.

O ingresso ao paraíso de verdade é mais reservado, como se convém. Só os íntimos dos íntimos podem atravessar o átrio de San Damaso, o átrio do Maggiordomo e chegar à passagem por onde se chega ao elevador que desce até o apartamento pontifício, onde, atrás de uma portinha, está o escritório do presidente do IOR. Gotti Tedeschi, que Sua Santidade reputa como digno do prêmio Nobel de Economia, só precisa subir pelo elevador para explicar-lhe do que se trata este enésimo escândalo.

Se nesta quarta-feira ele subiu por aquele elevador até o céu, Gotti obviamente não conta nem para si mesmo, mas a alta hierarquia da Cúria certamente não ignora que, há muito tempo, a Procuradoria de Roma investiga bancos e pequenos bancos, como o de Fucino, fundado pelos príncipes Torlonia, que todos os dias trocam operações de centenas de milhões de dólares com o IOR, considerado uma tela de proteção atrás da qual quase nunca há uma pessoa física ou jurídica.

E, principalmente, está a filial 204 do ex-Banco de Roma, hoje Unicredit, localizada na Via della Conciliazione, no limite com os Muros Leoninos, a menos de 200 metros da Praça de São Pedro, de onde, em dois anos, quase 200 milhões de euros transitaram a uma conta do IOR. Contas desconhecidas, protegidas e suspeitas. Das quais, seguramente, no seu tempo, Cesare Geronzi não ignorava a existência. Admitindo-se que estivesse às escuras, certamente o seu homem para as relações com o Vaticano, Marco Simeon, foi informado a respeito. Mas a inspeção interna encalhou misteriosamente.

O Instituto para as Obras de Religião, nascido uma primeira vez em 1887 com base no que foi estabelecido pela Comissão "Ad pias causas", constituída por Leão XIII, tornou-se um verdadeiro banco no dia 27 de junho de 1942, com a assinatura de Pio XII, prevendo que os dicastérios do Vaticano, as conferências episcopais, as arquidioceses e dioceses, paróquias, nunciaturas, ordens religiosas, padres e freiras o usufruíssem.

Não aconteceu exatamente assim, quando se descobriu que a beira do Tibre abrigava para os amigos e os amigos dos amigos um banco onshore e ao mesmo tempo offshore, onde tudo era possível no manejo de muito dinheiro a despeito das regras. No meio século posterior, e se não até hoje, ou até ontem, pelo menos no sentido da humilhação sincera manifestada pelo presidente Gotti Tedeschi pela investigação que o envolve, foi uma teoria ininterrupta de escândalos.

Tudo entre guerras internas que raramente infiltraram-se além do portão de bronze na sua trágica pobreza terrena.

"Santidade – escreveu Roberto Calvi ao Papa Wojtyla pouco antes de ser morto sob a Ponte dos Frades Negros em Londres – fui eu que vesti o pesado fardo dos erros, assim como das culpas cometidas pelos atuais e anteriores representantes do IOR; fui eu que, sob o específico encargo dos Seus notáveis representantes, dispus conspícuos financiamentos em favor de muitos países e associações político-religiosas do Leste e do Oeste; fui eu que, em toda a América do Sul e Central, coordenei a criação de numerosas entidades bancárias, principalmente com o objetivo de combater a penetração e a expansão de ideologias pró-marxistas; e sou eu, enfim, que hoje é traído e abandonado".

O cardeal Paul Marcinkus (foto), ex-chefe do IOR, hoje falecido, que foi um dos autores do desastre ético e de imagem que marcou toda a história do ouro do Vaticano manejando do modo mais indigno o esterco do diabo, paradoxalmente nunca deve ter se sentido o Maligno de clergyman, visto que, quase como um epitáfio, disse no túmulo: "O dinheiro? Não, não se pode dirigir a Igreja com a Ave-Maria".

Portanto, é justamente esse o trágico paradoxo com o qual o novo banqueiro papal hiperliberista, que diz desejar a transparência, deve confrontar com a sua consciência no Torreão.

Um comentário:

Cabral disse...

Nem li tudo, só besteira sem noção a sua opinião