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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

COLOMBIA DA RECORDE

FONTE: http://it.peacereporter.net/articolo/31917/Colombia+da+record
DE Stella Spinelli

Desaparecimentos forçados, saqueios, agressões de multinacionais, refugiados, presos políticos e terrorismo de Estado. Tal como era com Uribe

A mais de um ano da posse de Juan Manuel Santos, o presidente "da mudança" e "dos direitos humanos", fatos e números demonstram como nada o diversifica de Alvaro Uribe em termos de desaparecimentos forçados, saqueios, agressões de multinacionais, refugiados, presos políticos e terrorismo de Estado. Tudo continua e cada vez mais escondido, em silencio. Com os mesmos instrumentos: força pública e paramilitares.


Desde 7 de agosto de 2010 foram assassinados impunemente 36 defensores dos direitos humanos , 18 dirigentes agrários que exigiam a restituição das terras usurpadas aos agricultores com a força e 28 sindicalistas, a maioria dos quais pertenciam à Central Unitária de Trabalhadores (CUT). Milhares foram ameaçados de morte.

Dezenas de opositores políticos também foram mortos . Trata-se sempre de associados a partidos de esquerda ou simples ativistas de organizações comunitárias, de reivindicações sociais, de luta pela casa, de estudantes. Tanto o Partido Comunista como o Polo Democrático Alternativo sofreram assassinatos; o PDA denunciou que nos primeiros 90 dias do governo Santos foram mortos 50 adversários políticos, e o extermínio continua.

Mas o mundo político não é o único na mira do Estado: até mesmo doze companhias teatrais de Bogotá foram ameaçados de morte porque o seu "fazer teatro" é considerado um perigo para o poder constituído. O teatro social é visto como uma ameaça pelos paramilitares, que assegura que "os exterminará um por um" porque os atores e artistas "querem fazer os defensores dos direitos humanos e se opõem às políticas do nosso governo."

Aumenta também a perseguição aos estudantes. Após as gigantescas manifestações estudantis contra a privatização , as universidades do país reabriram suas portas sob ameaças de morte. Os paramilitares afirmam que matarão os estudantes "lista na mão, um por um". Ameaças pintadas em letras grandes no coração dos reitorados e das autoridades escolares: da posse de Santos, a repressão contra os estudantes já custou a vida de muitos deles.

E cresce o drama do deslocamento forçado, especialmente em áreas cobiçadas pelas multinacionais, como aquela de Marmato, cujo pastor foi assassinado 01 de setembro de 2011 porque liderou a oposição à multinacional de mineração de ouro Medoro. Esta comunidade sofre com as pressões, desde 2009, da canadense Medoro Resources que, de acordo com a Gran Colombia Gold, prossegue um mega projeto de mineração a céu aberto que acarreta o desaparecimento do vilarejo de Marmato e do deslocamento de todos os seus habitantes. O sacerdote de Marmato da tempo denunciava a pressão contínua para desocupar sua paróquia e as ameaças de morte , depois mantida.

Também continuam os chamados "falsos positivos", ou seja, civis mortos pelos militares e feitos passar por guerrilheiros, em troca de férias e licenças prêmio. São ao menos 29 os novos casos registrados no ano passado num total de 3.200 casos documentados nos quais a impunidade dos autores materiais toca 99 por cento; a impunidade dos mandantes de 100 por cento.

Em aumento também a prisão de opositores e defensores dos direitos humanos que sofrem processos judiciais montados pelo estado . A situação das prisões é dramática : milhares de prisioneiros políticos apodrecem literalmente e sofrem condições aberrantes de prisão e repetidas torturas , conforme denunciado também pelo Omct [Organização Mundial Contra a Tortura]. Desde o início de 2011 morreram a causa de tortura e por não ter recebido atendimento médico sete presos políticos. Trancados em prisões são mais de 7500 presos políticos, um número que representa um recorde para a Colômbia: 90 por cento dos presos políticos são civis. Alguns relatórios recentes indicam que o número de 7500 presos políticos é subestimado , embora por si só é escandaloso, porque com o aumento de detenções arbitrárias se tocaria um número - totalmente ocultado - de 9.500 presos políticos.

O relatório de agosto de 2011 da Coalizão Contra a Tortura mostra que esta é estendida a toda a população colombiana e que o Estado é responsável por 91 por cento dos casos, considerando que a violência sexual também está aumentando dramaticamente, mesmo contra crianças "Nos 107 casos nos quais foi possível identificar o autor do estupro se constatou que em 98,14 por cento dos casos os responsáveis são agentes do Estado.

A tudo isto se acrescenta uma série de espantosos números que completam a situação da Colômbia hoje. O Estado colombiano tem o exército mais armado do mundo pelos Estados Unidos, junto com Israel e Egito: um Exército que, por obra do batalhão da "Fuerza Omega del Plan Colombia", é o arquiteto da maior cova comum do continente, com 2000 cadáveres. 60 por cento dos assassinatos de sindicalistas na Colômbia é pelas maos das forças militares ou por meio do paramilitarismo das multinacionais e do Estado. E a Colômbia tem um recorde de presos políticos: mais de 7500 homens e mulheres, em sua grande maioria civis presos em base a grotescas farsas judiciais.

Outro "record" horrível da "democracia" colombiana é o desaparecimento forçado pelas mãos do Estado, que ultrapassa os números de casos de tortura e desaparecimentos forçados das ditaduras do Cone Sul: a ONU reconhece, pelo menos, 57.200 desaparecidos, a Comissão de Pesquisa estima 62000 (agosto 2011), e as vítimas denunciam cerca de 250.000 pessoas desaparecidas. Em apenas três anos as forças repressivas do Estado colombiano fizeram desaparecer 38.255 pessoas.

A Colômbia é o país do mundo com mais refugiados, junto ao Sudão: 5,2 milhões de pessoas deslocadas à força pelo paramilitarismo e pelos seus massacres para oferecer depois as terras usurpadas aos grandes latifúndios e as multinacionais. 40% do território colombiano é requerido em concessão da multinacionais de mineração.

Enquanto aumenta o extermínio contra a oposição e o pensamento crítico, a impunidade para o genocídio e aparato repressivo faz fronteira com do inimaginável: recentemente, o governo de Juan Manuel Santos aprovou uma lei que concede anistia a mais de 31.000 paramilitares (Lei 1424).

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