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sábado, 26 de novembro de 2011

Egito: Sangue dos protestantes nas maos dos lìderes militares

Governantes militares do Egito deveriam imediatamente ordenar a tropa de choque de parar de usar força excessiva contra os manifestantes e deveria reduzir a sua presença nas áreas circundantes da Praça Tahrir a um nível que permita a manutenção da segurança enquanto permite liberdade de reuniao, disse hoje Human Rights Watch. A polícia de choque e oficiais militares dispararam munição real e balas de borracha contra a multidão, espancaram manifestantes e além disso usaram força excessiva nas manifestações que começaram no Cairo em 19 de novembro de 2011, de acordo com numerosos relatos de testemunhas.

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Corpos no chão depois que a polícia militar terminou com um pacífico sit-in, no domingo, 20 de novembro.

O Gabinete do Ministério Público - a autoridade judicial civil - deveria conduzir uma investigação transparente sobre a utilização de força letal e o envolvimento militar nos abusos, e o controle e comando militar sobre a à tropa de choque, Human Rights Watch disse.

"Com as eleições parlamentares a uma semana de distância, os governantes militares estão enfrentando uma grave crise de confiança por causa de sua gestão da transição", disse Sarah Leah Whitson, diretora da Human Rights Watch no Médio Oriente . "Eles ainda não aprenderam a lição mais básica da insurreição de Janeiro: que os egípcios têm e sabe que eles têm o direito de manifestação pacífica, que reprimir uma manifestação com a força bruta não pode tira-los dali."

Confrontos entre manifestantes, Forças de Segurança Central (CSF), pelotao de choque da polícia egípcia e os policiais militares se enfurece pelo quarto dia na área da praça de Tahrir praça em 22 de novembro. Demonstrações no dia anterior na cidade costeira de Ismailiya resultou na morte de três manifestantes e em um elevado número de lesões em Alexandria. O número de mortos alcançou 28 manifestantes, com mais de 1.700 feridos, disse o Ministério da Saúde. Autópsias realizadas em 22 dos corpos dos manifestantes no necrotério Zeinhom do Cairo confirmaram que tinham sidos baleados com balas reais com outros três que morreram em conseqüência de asfixia de gás lacrimogêneo, disseram os funcionários do necrotério a Human Rights Watch.

Médicos do hospital de campanha instituído pelos manifestantes na praça Tahrir e dos hospitais no centro de Cairo relataram que começaram a receber casos de manifestantes feridos com balas reais, com início às 18:00 do dia 20 de novembro. Um médico de emergência disse à Human Rights Watch que hospital Kasr Aini tinha recebido seis pessoas feridas por balas reais que morreram em conseqüência dos ferimentos. Em três casos, a bala tinha entrado no topo da cabeça da pessoa, indicando que atiraram a altura de homem, o médico disse, e outros três tinham sido baleados no tórax e abdômen. "Os seis casos chegaram à sala de emergência, mas eles já estavam morrendo, então não pudemos fazer nada por eles", disse o médico à Human Rights Watch.

No necrotério Zeinhom do Cairo, um homem disse à Human Rights Watch que ele tinha passado três dias em busca de seu único filho, 18 anos, Sayed Khaled Osman, para encontrá-lo apenas no necrotério. O relatório preliminar do médico forense que realizou a autópsia declarou que Osman tinha sido baleado na cabeça com uma bala real. Outro manifestante Shehab Ahmed Sayed, que tinha 21 anos, foi baleado no peito no domingo, 20 de novembro.

Ghada Shahbandar, uma ativista de direitos humanos, disse à Human Rights Watch que ela estava descendo na rua Kasr Aini em 19 de novembro e recem ela passou um ponto de verificação onde os oficiais das Forças de Segurança Central foram postados, ela ouviu um oficial da CSF segurando uma arma dizer aos soldados em torno dele, "Em suas cabeças, atirem na cabeça deles ", apontando para os manifestantes que estavam uns duzentos metros de distância.

Em 21 de novembro, o Ministério do Interior emitiu um comunicado dizendo que "a polícia não tem usado e não irá usar qualquer arma de fogo durante estes confrontos e uso de gás lacrimogêneo foi o máximo que era permitido durante estes confrontos." Uma investigaçãode Human Rights Watch demonstrou serem mentiras estas declarações.

"De tempos em tempos os militares tem insistido que não tem usado munição real contra manifestantes, como se isso de alguma forma não fosse responsabilidade do operado da tropa de choque sob o comando e controle militar," disse Whitson. "Neste caso, é irrelevante se a munição real veio da tropa de choque ou da polícia militar; o que é relevante é quem deu as ordens para disparar balas reais contra os manifestantes, matando 23 pessoas, e quando eles serão processados por isso."

Human Rights Watch tem falado com múltiplos observadores que afirmaram que a violência começou na manhã de 19 de novembro, quando a tropa de choque violentamente rompeu um sit-in na praça Tahrir de poucas centenas de manifestantes. Eles passaram a noite acampados depois de uma manifestação de dezenas de milhares, em protesto contra a insistência dos militares em seus privilégios super-constitucionais que colocariam sua autoridade e o orçamento deles fora da autoridade de qualquer governo civil. Nos dias seguintes, as exigências dos manifestantes passaram a focalizar-se em uma chamada para a transferência a um regime civil e a demissão do gabinete.

A notícia de que a polícia tinha se dirigido ao sit-in trouxe mais manifestantes. A polícia de choque respondeu com gás lacrimogêneo e balas de borracha para conduzir as multidões de volta, mas se eram eles mesmos empurrados para trás. A polícia manteve-se nas ruas que levam de Tahrir ao Ministério do Interior. Os manifestantes jogaram pedras e as vezes cocktails Molotov nas forças de segurança durante a discussões. Na parte da tarde, a equipe da Human Rights Watch viu policiais atirando pedras de volta nos manifestantes e disparando contra a multidão de cima de veículos blindados.

Agentes da lei têm o direito de usar a força proporcional quando estritamente necessário, mas o uso de armas de fogo só é permitido contra a ameaça iminente de morte ou ferimentos graves, e onde os meios menos extremos forem insuficientes, disse Human Rights Watch.

A polícia continuou a usar gás lacrimogêneo das ruas laterais ao redor da praça Tahrir durante as próximas 24 horas. Em 20 de novembro, às 18:00, a equipe da Human Rights Watch testemunharam centenas de policiais militares dispersando manifestantes mediante golpes, atirando para o ar e quebrando tendas. Polícia Militar derrubou uma grande faixa no meio da praça que dizia: "Queremos uma transferência de poder a um conselho presidencial." Em um período de cerca de 15 minutos, eles limparam a praça e depois se retiraram.

Em 20 de novembro, o general Said Abbas, vice-chefe do distrito Central, negou que a polícia militar tinha entrado na praça Tahrir, acrescentando: "Nós não ordenamos que o sit-in de Tahrir devesse ser desfeito." Um video daquela tarde filmado pelo jornal independente Al Masry Al Youm mostrou militares e pelotão de choque repetidamente espancando com cassetetes e varas manifestantes desarmados, com três ou quatro policiais espancando um manifestante desarmado na praça.

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