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domingo, 27 de julho de 2008

IBM enriquece com o nazismo



Do site da Universidade Federal de Santa Catarina (pagina do professor doutor em direito José Rover Aires)

http://www.infojur.ufsc.br/aires/arquivos/resumoIBMHolocasto.htm



Resumo do livro

IBM E O HOLOCAUSTO

Edwin BLACK, Campus, 2001


Aluno: Douglas Nascimento Rechia

Disciplina CPGD: Direito, Informática e Sociedade.

Prof. Aires J Rover



Introdução


O objetivo do livro concentra-se em expor a história da participação consciente da IBM no holocausto. A IBM contribuiu com a organização maciça da informação, sem a qual, segundo o autor, não haveria holocausto.

O papel da IBM nos planos de Hitler era catalogar e identificar os judeus e os grupos indesejáveis que viviam na Alemanha. Ansiosa pelo lucro, a IBM deixou-se dominar por um mantra corporativo amoral: se pode ser feito, deve ser feito.

A IBM, com sua tecnologia de cartões perfurados, organizava e classificava a informação de acordo com as pesquisas encomendadas pelo mais alto escalão do Reich. As informações eram utilizadas para os mais variados propósitos: distribuição de alimentos de modo a matar de fome os judeus; identificar, rastrear e gerenciar a mão-de-obra escrava; controlar a circulação de trens para a catalogação de carga humana, etc. As máquinas que confeccionavam os cartões não eram vendidas, mas alugadas, sujeitas à manutenção e atualização constante da IBM.

O autor é filho de sobreviventes poloneses do holocausto. Sua motivação pela pesquisa veio com a curiosidade sobre uma máquina IBM Hollerith D-11 em exposição no Museu do Holocausto em Washington, EUA. “A não ser que compreendamos como os nazistas adquiriram os nomes dos judeus, novas listas serão compostas, com outras pessoas”. “Apenas mediante a exposição e análise do que realmente ocorreu, o mundo da tecnologia finalmente terá condições de professar o mote bem conhecido: nunca mais”.


Pessoas numeradas


Em cada campo de concentração, os prisioneiros eram identificados por meio de cartões Hollerith descritivos, cada um com colunas perfuradas, detalhando nacionalidade, data de nascimento, estado civil, quantidade de filhos, motivo do encarceramento, características físicas e habilidades profissionais. As colunas 3 e 4 reuniam categorias de prisioneiros, dependendo dos orifícios: orifício 3 significava homossexual; 9 anti-social; 12, cigano; 8, judeu. Listas impressas com base nos cartões relacionavam os prisioneiros por códigos numéricos pessoais. Coluna 34: “razão de partida” – morte natural (código 3), execução (código 4), suicídio (código 5), “tratamento especial” (extermínio em câmara de gás, enforcamento ou fuzilamento) (código 6)

Para descobrir o perfil ocupacional de um grupo, a classificadora mecânica era abastecida com o cartão de cada interno. Em seguida, ajustava-se o controle para a identificação das profissões, habilidades, faixa etária o conhecimento de idiomas necessários. Os nomes apareciam em listagens impressas pela Hollerith para transporte aos subcampos, fábricas e até fazendas locais.


A interseção IBM-Hitler


Como nasceu a IBM. O fundador da Tabulating Machine Company (como se chamava a IBM) foi Herman Hollerith, alemão criado pela mãe em Buffalo, Nova Iorque. Aos 19 anos, depois de formado em engenharia pela Columbia School of Mines, Hollerith foi convidado para trabalhar como assistente no U.S. Census Bureau. Foi com a brincadeira de um chefe que Hollerith teve a idéia de criar um cartão perfurado onde cada orifício do cartão representasse uma característica da pessoa: sexo, nacionalidade, ocupação, etc. O sistema de leitura de cartões inventado por Hollerith tinha condições de fornecer respostas sobre o censo dos EUA a 235 perguntas; de repente, o governo tinha condições de traçar o perfil de sua própria população. Este invento economizou US$ 5 milhões nos gastos do governo com o censo.

Hollerith decidiu alugar ao invés de vender as máquinas. Órgãos governamentais da Rússia, Itália, Inglaterra, França, Áustria e Alemanha eram seus clientes. Ele tinha nas mãos todas estas nações. “Os governos eram apenas clientes, clientes a serem controlados”.

Depois de um enorme contrato com a Rússia, em fins de 1896, Hollerith constituiu sua empresa, instalando sua sede em Georgetown, Washington, D.C., com o nome de Tabulating Machine Company.

Depois de fraudar várias vezes o governo americano e o seu maior cliente (a Census Bureau) e de perder mercado para o concorrente, Hollerith decidiu se aposentar e vender sua empresa para Charles Flint, comerciante de commodities internacionais (armas, inclusive). Flint comprou a Tabulating Machine Company para integrá-la em seus negócios. Suas companhias levaram o nome de CTR – Computing-Tabulating-Recording. James Watson, destacado vendedor da NCR (empresa vendedora de caixas-registradoras) foi contratado por Flint para ser gerente geral de vendas da CTR.

Depois da morte de um dos mais importantes diretores da CTR, Fairchild, e do afastamento de Hollerith do conselho de administração da CTR (Hollerith ainda prestava consultoria à CTR), James Watson tornou-se o principal executivo e autoridade da CTR. Decidiu re-batizar a empresa com o nome IBM – International Business Machines – um nome que, segundo ele, era o epítome do significado de seu empreendimento. A promessa de Watson a todos foi: “A IBM é mais do que uma empresa – é uma grande instituição mundial que durará para sempre.” Espírito IBM era o termo de Watson para a quase tribal devoção à empresa que ele exigia.

Em 1922, Watson comprou 90% das ações da Dehomag, uma licenciada de máquinas e equipamentos Hollerith na Alemanha, fundada por Willy Heidegger. Heidegger vendeu sua empresa à IBM dos EUA quando a Alemanha entrava no caos e a Dehomag afundava-se em dívidas. (na verdade Watson “forçou” a venda usando meios escusos)

Várias subsidiárias foram instaladas em outros países levando o nome Watson: Watson Belge (Bélgica), Watson Italiana (Itália), Svenska Watson (Suécia), etc. As denominações Watson e IBM eram inseparáveis.

Em 1933 a Dehomag detia mais da metade da receita da IBM em todo o mundo, já com mais de 70 subsidiárias em outros países.

A interseção IBM-Hitler. Em janeiro de 1933, Hitler ascende ao poder. Em março daquele ano, o primeiro campo de concentração foi construído em Dachau, seguido de muitos outros. Em abril de 1933, 60.000 judeus foram aprisionados e outros 10.000 fugiram para outros países.

Manifestações em todo o mundo pressionavam para que ninguém mantivesse relações comerciais com Hitler. Como a filial alemã tinha o nome de Dehomag (que não lembrava o nome IBM ou Watson) e as máquinas Hollerith não eram conhecidas do público em geral, o risco de Watson negociar com Hitler era baixo. Os lucros, por outro lado, seriam enormes. O dilema moral não existia para a IBM. Isto nem foi assunto de discussão.


Identificando os judeus


O censo da Prússia. O advogado da Dehomag, Karl Koch, com seus contatos governamentais, fechou um contrato com o governo Alemão para fazer o censo da Prússia, o estado da Alemanha em que moravam 3/5 da população do país.

Cursos de treinamento foram ministrados pela Dehomag para trabalhadores contratados temporariamente (vindos da Frente de Trabalho Alemã – uma agência de empregos). O treinamento incluía aprender a levantar e registrar detalhes pessoais vitais, operar as máquinas de classificação, tabulação e verificação, além de outras tarefas de processamento de dados.

Em junho de 1933, 500.000 recenseadores recrutados com “mentalidade nacionalista” partiram para a jornada de porta em porta em busca de informações. Em algumas localidades, quando o recrutamento era insatisfatório, as pessoas eram arregimentadas à força. As entrevistas abrangiam perguntas diretas sobre a religião do chefe da família e se no caso o casamento era misto.

Em setembro de 1933, 6000 caixas de cartões pardos começaram a chegar no complexo censitário de Alexanderplatz, em Berlim. A perfuração rápida funcionava em dois ou três turnos. Cada turno durava 7,5 horas. Dia e noite os funcionários digitavam as informações sobre os 41 milhões de prussianos, à velocidade de 150 cartões por hora. A Dehomag fixou a cota de produção de 450.000 cartões por dia.

Depois de perfurados, os cartões passavam por uma contadora à velocidade de 24000 cartões por hora. A seguir, uma “testadora” verificava se os furos estavam corretos, à uma velocidade de 15000 cartões por hora. Um “cartão de contagem de judeus” era produzido à parte. A classificação de cartões já podia ser feita.

Um resumo do Escritório Estatístico do Reich relatava: “A maior concentração de judeus em Berlim encontra-se no distrito de Wilmersdorf. Aproximadamente 26.000 judeus praticantes, que respondem por 13,54% da população local”. E mais: um total de 1.200 “judeus de peles” perfaziam 5,28% do comércio peleiro, e quase ¾ deles são de origem estrangeira. Com base na descendência de emigração, desencadeada pela perseguição anti-semita, “apenas 415.000 a 425.000 judeus de fé permaneciam no Reich alemão em meados de 1936”.

A expansão da Dehomag. Watson, em viagem à Alemanha, firmou um acordo verbal com Heidegger concedendo à Dehomag poderes comerciais especiais fora da Alemanha. Agora, a Dehomag teria permissão para suplantar todas as subsidiárias da IBM na Europa. Isto significava o acesso às principais empresas estrangeiras, às ferrovias estatais estrangeiras e a órgãos governamentais estrangeiros em toda a Europa. As subsidiárias de Bruxelas, Paris e Varsóvia continuariam existindo, mas a Dehomag nazista podia usurpar seus clientes.

Empresas estrangeiras eram consideradas inimigas do estado alemão. Embora uma rede de entidades judaicas e anti-nazistas se empenhassem em organizar listas de empresas que faziam negócios com a Alemanha, A IBM e Watson não foram identificados. Com a fabricação de máquinas em Berlim, a Alemanha importava poucos equipamentos dos EUA, reduzindo as suspeitas.

Os escritórios da IBM em Paris e Genebra eram os olhos e os ouvidos da IBM em Nova Iorque na Europa. Serviam como elo para intercâmbio de instruções, remessa de lucros e apoio às atividades tecnológicas da Dehomag.


A aliança IBM-Nazismo


Embora se odiassem, Watson e Heidegger tinham que cooperar para que as coisas funcionassem. A Dehomag podia ser considerada uma empresa controlada por capitais americanos, subsidiária da IBM ou a Dehomag exercia o papel de leal empresa alemã, ariana, batizada com o sangue da ideologia nazista. Heidegger e Watson estavam dispostos a erguer qualquer uma das bandeiras, conforme as necessidades.

Heidegger foi quem procurou o patrocínio da hierarquia do Partido Nazista. Heidegger tomou todas as providências, respondendo a questionários “incômodos” (que “provavam” que a Dehomag era uma empresa alemã puramente ariana) e fazendo todo o contato possível para que a aliança da Dehomag com o Nazismo se consolidasse. Heidegger conseguiu, e a IBM de Nova Iorque concordou, visto que isso garantiria mais contratos com o governo alemão.

Em 8 de janeiro de 1934, foi inaugurada a nova fábrica da IBM em Lichterfelde, em Berlim. Na cerimônia, estavam presentes os “graúdos” do nazismo, representando as organizações mais importantes para a parceria da IBM com o terceiro Reich. Entre os presentes, estavam Rudolf Schmeer, representante do líder da organização, A. Görlitzer, o representante da AS (Milicianos Nazistas, a facção mais violenta de Hitler), diretores de instituições financeiras e representantes da polícia, correios, Ministério da defesa, do escritório estatístico do Reich e um contingente da Ferrovia Alemã.

Tanto para a IBM como para a Dehomag, aquele era um dia extraordinário de comunhão nazista. Agora, não havia retorno. A IBM e o partido nazista haviam se amalgamado. A Dehomag era o provedor oficial de informações do terceiro Reich.

Estudos das raças. Impulsionados pela tecnologia Hollerith, a SS criou o Escritório Central para Raça e Assentamento. Este escritório mantinha um cadastro de estrangeiros, isto é, judeus e não-arianos. Algumas questões de estudo dos cientistas nazistas do Escritório Central para Raça e Assentamento eram: até onde remontar a genealogia judaica? Até os avós? Quatro gerações? Até o ano 1800? Por fim, decidiram adotar uma “fórmula matemática bizarra”: classificar os judeus em judeu pleno, meio judeu, um quarto judeu, etc.

Com essas repartições, as listas anti-raciais começaram a se espalhar: nas delegacias, birôs de emprego, associações profissionais, organizações religiosas, locais do partido nazista, etc. Com esta lista, os nazistas queriam uma raça dominante, eliminando os elementos mais frágeis: os mentalmente enfermos, doentes, incapazes e homossexuais, ciganos e “anti-sociais”. Rapidamente, a idéia da esterilização expandiu-se também para os socialmente indesejáveis.

Lei de Simplificação do Sistema de Saúde: os médicos deviam preencher formulários relatando as condições físicas de cada paciente. Estas informações eram processadas pelas máquinas Hollerith.

Lei para prevenção de prole com doença genética: os teóricos desenvolveram uma mixórdia de preceitos, dizendo quais linhagens deviam ser liquidadas. Os insanos, retardados, epilépticos, maníaco-depressivos estavam incluídos.

Resultados. Em 1934, o primeiro ano do programa de esterilização, mais de 84600 casos submetidos às cortes de saúde genética resultaram em mais de 62400 esterilizações compulsórias. Em 1935, 88100 julgamentos renderam em 71700 esterilizações.

Os lucros da IBM causavam problemas. Em 1933, a empresa auferiu lucro de US$ 1 milhão enquanto toda a indústria alemão sofria o boicote internacional antinazista. Heidegger tinha fortes argumentos para enfrentar Watson. Ele é quem resolvia os problemas com o Reich.


Medalha nazista para Watson


Dia do partido: 15 de setembro de 1935 – o clímax de uma semana de “coreografias nazistas”. Discursos anti-semitas de Hitler citavam o verdadeiro número de judeus apontados pelas máquinas IBM: 2 milhões.

Em 13 de setembro de 1935, Hitler exigiu a promulgação de uma Lei e um decreto em 48 horas – A Lei para proteção do sangue alemão e o decreto Lei de Cidadania do Reich. Estas leis privavam os judeus da cidadania alemã e usavam explicitamente o termo judeu ao invés de não-ariano. As leis se aplicavam aos judeus plenos, ½ judeus e ¼ judeus.

Expansão da IBM e aumento dos lucros. O lucro líquido da IBM nos 6 primeiros meses de 1934 era de US$ 3,4 milhões. As exportações (da IBM EUA) aumentaram 35% sobre o mesmo período do ano anterior. Watson se tornou o “homem de mil dólares por dia”. Aumentos salariais para todos os funcionários de 37%, beneficiando 7000 empregados. Watson recebia bônus de 5% dos lucros da IBM em todo o mundo. Com o contrato da IBM com a previdência social dos Estados Unidos e a invenção do “intercalador” – máquina capaz de estabelecer comparações e referências cruzadas entre dois conjuntos de registros – o lucro da empresa aumentou 6x.

Resultados da perseguição alemã: em fins de 1935, mais de 125.000 pessoas haviam fugido da Alemanha.

Em 24 de junho de 1937, Watson foi homenageado na reunião do ICC (Câmara do Comércio Internacional, organização criada pela Liga das Nações para promover o comércio mundial e estudar tratados internacionais). Watson foi homenageado com vinhos e toda espécie de honrarias. Hitler estava presente e participou. Watson foi condecorado com uma medalha encrustada com águias alemãs e emblemas nazistas.


Cartões de guerra


Em 13 de maio de 1938, a Áustria é anexada ao terceiro Reich, formando a Grande Alemanha. A Dehomag, é claro, ficou responsável por fazer um novo censo em toda a grande Alemanha, de 73 milhões de habitantes. Com precisão aterradora, os alemães sabiam quem era judeu na Áustria. Os judeus na Áustria receberam cruel tratamento dos nazistas, sendo expulsos de suas propriedades. Na “noite do vidro quebrado”, em 10 de novembro de 1938, todas as propriedades dos judeus foram destruídas e incendiadas.

“Paz mundial por meio do comércio internacional” era o chavão de Watson para explicar suas relações com a Alemanha. A falta de boa vontade dos americanos para com o nazismo dificultava as coisas para Watson.

O recenseamento continuava, apesar das restrições ainda mais fortes que o governo alemão impunha ao capital gerado por empresas nacionais que iam para o exterior. Igrejas participaram em preencher os cartões com informações para serem processadas pela Dehomag. Os batismos eram registrados para que os judeus não pudessem ocultar a identidade por meio de conversões.

A Tchecoslováquia foi o país seguinte. Primeiro, o Pacto de Munique (negociado pela Itália, França e Inglaterra na esperança de evitar a guerra) cedeu a região dos sudetos à Alemanha. Em 15 de março de 1939, a Alemanha partiu para a invasão da Tchecoslováquia. As leis de Nuremberg condenaram 200.000 judeus que foram expulsos, banidos ou levados para campos de concentração.

A IBM já estava na Tchecoslováquia. Watson aprovou a construção de uma fábrica de cartões perto de Praga.


Contagem Mortal


Em 17 de maio de 1939, a Alemanha foi vasculhada por 750.000 recenseadores. O mundo tinha pouca dúvida de que o censo era de natureza racial. Ninguém passou despercebido nos 22 milhões de domicílios, 3,5 milhões de imóveis rurais e 5,5 milhões de lojas e fábricas no Grande Reich. O objetivo era identificar os “judeus raciais” na Alemanha, adicionar os judeus nos territórios ampliados e localizar cada indivíduo para segregação. Além disso, a Alemanha se preparava para uma guerra total e precisava saber de onde mobilizar os recursos. A Dehomag organizou tudo: treinamento, equipamentos, novas tecnologias.

O volume de cartões processados chegou a um milhão por dia. A empresa cumpriu o prazo praticamente impossível: em 10 de novembro de 1939 os resultados preliminares estavam prontos, e eram exatos. Um relatório despachado para as autoridades do Reich dizia o seguinte: “havia em Viena, em 17 de maio de 1939, 91480 judeus plenos e 22.344 judeus parciais, graus I e II”. Os resultados eram divididos por sexo e delineados por distrito.

Os cálculos finais revelaram um total geral de 330.539 “judeus raciais” residindo na grande Alemanha. Era menos do que a aproximação grosseira de 1,5 milhão de 4 anos antes, mas a grande Alemanha já tinha perdido 502.000 judeus por execução direta, emigração, morte no cárcere, etc. Em compensação, com a anexação da Áustria e região dos sudetos, a Alemanha tinha ganho 96.893 judeus.

A Alemanha começava a fazer um “Registro de migração alemã no mundo”, para cadastrar alemães que viviam no exterior e para saber que grupos simpatizantes do nazismo existiam. Eles seriam potenciais aliados.

Em 1.º de setembro de 1939, a Polônia foi invadida. Começava a II Guerra Mundial. Inglaterra e França declararam guerra alguns dias depois. A Polônia resistiu bravamente durante 27 dias antes da completa rendição. Massacres, estupros, inanição, deportações e epidemias ocuparam as manchetes em todo o mundo. O The New York Times anunciava: 250.000 judeus mortos na Polônia.

Os judeus na Polônia começaram a ser catalogados e recenseados. Em outubro de 1939, iniciou-se a contagem. Foram criados em todo o país os Judenräte, os conselhos judaicos. Adam Czerniakov foi nomeado presidente. A atribuição deste conselho era assegurar a observância das medidas nazistas.

Em 28 de outubro de 1939, tudo parou em Varsóvia. Todos foram obrigados a comparecer nos escritórios de registro e preencher formulários. Milhares de formulários foram trazidos para o Judenräte. Os resultados saíam em tempo mágico. Em pouco mais de 48 horas todos os dados estavam apurados com a ajuda da nova máquina da IBM: A IBM classificadora, modelo 405. A 405, elegante e mais compacta que as anteriores, integrava vários mecanismos de cartões em um único dispositivo de alta velocidade. Um cabo conectado a uma perfuradora resumo facilitava a sumarização dos resultados da tabulação num único cartão-resumo. Em 6 de dezembro de 1939, uma lista de 366.000 judeus foi entregue.

Nem é preciso mencionar o que fizeram com os judeus cujos nomes estavam nesta lista...


Com Eficiência de Blitzkrieg


A IBM não dava conta de atender todos os pedidos por máquinas Hollerith. Havia "filas de espera" e a IBM demorava até dois anos para atender os pedidos.

As máquinas eram usadas também para o censo de animais: cavalos e bois. Os animais eram importantes recursos para a guerra. O "censo da manteiga" foi feito na Dinamarca. Todos os estoques eram controlados com os cartões, além dos automóveis e caminhões.

Os ferimentos de guerra eram analisados pelas máquinas Hollerith. Os dados apurados pelas máquinas ajudaram os militares austríacos a projetar o capacete mais eficaz possível.

Em 4 de maio de 1940, o “Dia da IBM”, Watson discursava a autoridades sobre a necessidade da paz e os horrores que a guerra trazia. Enquanto milhares eram massacrados, Watson preocupava-se em manter a imagem pública da IBM.

Watson, em meio à pressão, acabou escrevendo a Hitler, com o acompanhamento da imprensa, que "as atuais políticas de seu governo são contrárias às causas pelas quais tenho trabalhado e em razão das quais recebi esta condecoração". Watson devolveu sua medalha.


A Revolta da Dehomag


A Dehomag fazia pressão para deixar de ser uma subsidiária americana e tornar-se uma empresa totalmente nazista. A devolução da medalha de Watson tornou-se um prato cheio para que Heidegger usasse suas influências para tirar Watson e a IBM-EUA da participação dos lucros e das ações da Dehomag.

O problema era que, sem o apoio de Watson, o regime nazista encontrava dificuldades para a manutenção das máquinas Hollerith e para o fornecimento de cartões. Watson controlava todos os fornecedores de papel e equipamentos de manutenção. A Dehomag ficou sem suporte para dar continuidade ao trabalho.

Watson designou Harrison Chauncey, advogado da IBM, para negociar com Heidegger. Heidegger não estava disposto a reconciliar-se. Mas como a Alemanha dependia inteiramente das máquinas Hollerith, os nazistas resolveram negociar (embora exigissem que as estratégias nazistas não fossem reveladas à IBM). Watson conseguira novamente o que queria.

Durante os anos de genocídio, de 1942 a 1945, a Dehomag permaneceu intacta. No final, depois das negociações, a empresa era dirigida por um comitê consultivo especial do Reich, representando os escalões mais elevados da hierarquia nazista. O comitê consultivo da Dehomag substituía o tradicional conselho de administração das empresas. Como em qualquer conselho de administração, a função do comitê consultivo era orientar a gerência sênior, aprovar e vetar projetos especiais e definir prioridades. As decisões do dia-a-dia competiam aos gerentes. Quando necessário, o comitê consultivo era composto de quatro membros. Um era agente fiduciário. O segundo era Passow, chefe da Miaschinelles Berichtwesen. O terceiro era Heidegger. O quarto era o representante oficial de Hitler, Edmund Veesenmayer.


IBM e a Guerra


Em 31 de março de 1941, Watson fundou a nova subsidiária da IBM, a Munitions Manufacturing Corporation, em uma sede de 12.600 metros quadrados, com 250 empregados. Fabricavam 32 diferentes tipos de armamentos: rifles automáticos Browning, máscaras contra gases, mirar para bombardeios, diretores de baterias antiaéreas de 20mm, tendo produzido 345.000 unidades de carabinas M1 calibre 30. O logotipo da IM era estampado nos produtos. Por fim, 2/3 da capacidade de produção da IBM se convertera de tabuladores para material bélico.

Em maio de 1942, os empregados da IBM se juntaram ao próprio serviço de criptografia dos EUA. O grupo usava um conjunto de máquinas de cartões perfurados produzidas pela IBM para decifrar mensagens interceptadas pelo eixo. Livros de código capturados do inimigo eram perfurados em cartões, com bases em seqüências sobrepostas de 50 dígitos. Os cartões resultantes eram classificados. Cada palavra decifrada era usada para atacar outra, até que se conseguissem definir o contexto e o significado da mensagem. Um ironia da guerra foi o fato de a IBM codificar e decoficar informações para os dois lados do conflito.

A guerra sempre foi boa para a IBM. Os lucros foram inéditos. 90 dias depois de Pearl Harbor, Watson informou à mídia que a IBM gerara mais de US$ 150 milhões com o fornecimento de munições e outros contratos militares.

As máquinas eram usadas também para localizar pessoas, no recrutamento de soldados. Soldados aliados mortos ou capturados eram catalogados no sistema IBM. Qualquer pessoa podia ser localizada mediante a perfuração de um pedido numa Hollerith.

A IBM agora passava a atuar como aliada dos EUA, embora continuasse a fornecer as pesquisas para os nazistas. Ela conhecia todos os procedimentos alemães e Carter havia documentado tudo isso. Watson confirmava ainda mais seu patriotismo pelos EUA.


Extermínio


Detalhes sobre o cadastro e extermínio de judeus, homossexuais, Testemunhas de Jeová, ciganos, etc. nos campos de concentração. As mortes, ferimentos, tudo era registrado nos cartões.

Os cartões apontavam para o número de judeus e de todos os grupos que deveriam ser exterminados: 11 milhoes de pessoas, inclusive nas ilhas britânicas e uma estimativa grosseira de 5 milhões para a Rússia.

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